Domingo, 20 de Abril de 2025 11:00
11 947887744
Brasil | Mundo | Política Política

Trump ordena ataque em grande escala contra rebeldes Houthis no Iêmen.

Presidente dos EUA também ameaçou o Irã e disse que o apoio do país ao grupo 'deve acabar imediatamente'. Pelo menos 19 civis morreram, afirmaram os Houthis.

15/03/2025 16h00
Por: Clara Morais Fonte: g1

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump ordenou uma operação militar "decisiva e contundente" contra rebeldes Houthis no Iêmen. Segundo ele, soldados americanos estão realizando ataques aéreos neste sábado (15) contra as bases do grupo.

Pelo menos 19 pessoas morreram e 20 ficaram feridas nos ataques dos EUA, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelos Houthis.

"Nossos bravos combatentes estão agora realizando ataques aéreos contra as bases terroristas, líderes e defesas de mísseis para proteger os ativos marítimos, aéreos e navais americanos e para restaurar a liberdade de navegação", escreveu Trump em sua rede social.

Conforme o Washington Post, navios de guerra e jatos dos EUA lançaram ataques em todo o Iêmen, mirando radares, locais de defesa aérea e pontos de lançamento de drones.

Um vídeo obtido pela Reuters mostra fumaça na capital do país, Sana (veja acima). "As explosões foram violentas e sacudiram o bairro como um terremoto. Elas aterrorizaram nossas mulheres e crianças", disse um dos moradores, que se identificou como Abdullah Yahia, à agência.

Fumaça é vista na capital do Iêmen; EUA anunciaram ataque contra rebeldes Houthis — Foto: Anadolu via Reuters

Fumaça é vista na capital do Iêmen; EUA anunciaram ataque contra rebeldes Houthis — Foto: Anadolu via Reuters

Os ataques ocorreram poucos dias após os Houthis, aliados do Irã, anunciarem planos de retomar os ataques a navios israelenses que passavam pelos mares Vermelho e Arábico, pelo Estreito de Bab al-Mandab e pelo Golfo de Áden, encerrando um período de relativa calma iniciado em janeiro com o cessar-fogo em Gaza.

Os Houthis lançaram mais de 100 ataques contra navios a partir de novembro de 2023, dizendo que estavam em solidariedade aos palestinos pela guerra de Israel com o Hamas em Gaza.

Durante esse período, o grupo afundou dois navios, apreendeu outro e matou pelo menos quatro marinheiros em uma ofensiva que interrompeu o transporte marítimo global, forçando as empresas a redirecionarem suas rotas para viagens mais longas e caras pelo sul da África.

Na rede social, Trump disse que os Houthis "travaram uma campanha implacável de pirataria, violência e terrorismo contra a América e navios, aeronaves e drones americanos".

 

"O ataque Houthi a embarcações americanas não será tolerado. Usaremos força letal esmagadora até atingirmos nosso objetivo", escreveu. Se os ataques não pararem, "o inferno vai cair sobre vocês como nada que vocês já viram antes".

 

Na publicação, o presidente americano ainda ameaçou o Irã e disse que o apoio do país aos Houthis "deve acabar imediatamente". Ele disse que, se o Irã ameaçar os EUA ou as rotas de navegação pelo mundo, será responsabilizado. "E não seremos gentis sobre isso", completou.

Após a operação americana, o gabinete político dos Houthis descreveu os ataques como um "crime de guerra". "Nossas forças armadas iemenitas estão totalmente preparadas para responder à escalada com escalada", disse em um comunicado.

Quem são os Houthis?

 

Os Houthis pertencem ao chamado "Eixo de Resistência", uma rede de organizações simpáticas ao Irã e hostis ao Estado de Israel, que inclui o Hezbollah libanês, o Hamas e o regime sírio deposto de Bashar al Assad.

A organização surgiu em 1990 para combater o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. Liderados por Houssein al Houthi, os primeiros integrantes do grupo eram do norte do Iêmen e faziam parte de uma minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas.

Os Houthis ganharam força ao longo dos anos, principalmente após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003. Clamando frases como "Morte aos Estados Unidos", "Morte a Israel", "Maldição sobre os judeus" e "Vitória ao Islã", o grupo não demorou para se declarar parte do "eixo da resistência" liderado pelo Irã contra Israel e o Ocidente.

 
 
 
 
 
 

Entenda quem são os rebeldes Houthis

 

Houthis e Guerra do Iêmen: 10 anos de conflito

 

 

  • A guerra do Iêmen começou em 2014, quando os Houthis saíram do norte do país e tomaram a capital, Sanaa, forçando o governo reconhecido internacionalmente a fugir para o sul e depois para o exílio.
  • A Arábia Saudita entrou na guerra em 2015, liderando uma coalizão militar com os Emirados Árabes Unidos e outras nações árabes. O grupo, apoiado pelos Estados Unidos, realizou uma campanha de bombardeios destrutivos e apoia as forças governamentais e as milícias no sul do território iemenita.
  • Com o passar do tempo, o conflito se tornou uma guerra indireta entre Arábia Saudita e Irã e seus respectivos apoiadores. Por exemplo, de acordo com um relatório publicado em janeiro de 2023, armas fornecidas pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos e usadas pela coalizão mataram dezenas de pessoas no conflito.
  • Há anos, nenhum dos lados obtém ganhos territoriais: enquanto os houthis mantêm seu controle sobre o norte, Sanaa, e grande parte do oeste densamente povoado, o governo e as milícias controlam o sul e o leste, incluindo as principais áreas centrais, onde estão a maior parte das reservas de petróleo iemenitas.
  • A guerra no Iêmen foi classificada pela ONU como o mais grave desastre humanitário da atualidade, com deslocamento interno de mais de 4,5 milhões de pessoas e 80% da população vivendo na pobreza. As mais afetadas são as crianças: cerca de 11 milhões delas vivem em situação desesperadora e precisam de ajuda, segundo as Nações Unidas.

 

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Veja também
Política Brasil deu asilo a ex-primeira-dama do Peru por razões humanitárias, diz Mauro Vieira. Nadine Heredia foi condenada pela Justiça peruana a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro e recebeu asilo diplomático no Brasil para que ela e o filho deixassem o país. O caso envolve a construtora brasileira Odebrecht (atual Novonor) e o governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
Brasil Motoristas atingem patamar histórico de infrações nas estradas brasileiras. Em 2024, foram quase 9,5 milhões de ocorrências - 62,6% a mais que em 2023 e o maior número desde o início da série histórica, em 2007.
Brasil Receita Federal apreende 389 canetas do medicamento Mounjaro no aeroporto do Recife; carga é avaliada em R$ 1 milhão. Segundo a inspetoria do órgão, remédios estavam sendo transportados de forma irregular, sem receita médica.