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Hamas entrega corpos de bebê, criança, mãe e idoso em caixões pretos para Israel

Mãe e dois filhos são da família Bibas, símbolo do sofrimento dos reféns mantidos em Gaza. Hamas diz que eles foram mortos em ataque israelense. Nesta semana, completou-se 500 dias do ataque que matou 1.200 israelenses e desencadeou a guerra.

20/02/2025 15h00
Por: Clara Morais Fonte: g1
Comboio com corpos passa por Tel Aviv — Foto: REUTERS/Nir Elias

Comboio com corpos passa por Tel Aviv — Foto: REUTERS/Nir Elias

O grupo terrorista Hamas entregou na manhã desta quinta-feira (20) os restos mortais de um bebê, uma criança, a mãe deles e um idoso em caixões pretos. O bebê tinha nove meses e era o mais jovem dos reféns israelenses do Hamas mantidos na Faixa de Gaza.

Três dos restos mortais são da família Bibas, símbolo em Israel do sofrimento dos reféns mantidos em GazaShiri Bibas, de origem argentina, dos filhos dela Kfir Bibas, de nove meses, e Ariel Bibas, de 4 anos. O idoso Oded Lifschitz, de 83 anos, é o quarto corpo entregue.

Os restos mortais foram levados a um centro de análise forense para passar por exames de DNA. A morte de Lifschitz foi confirmada pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a tarde.

A entrega, que faz parte do acordo de cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Os restos mortais foram entregues em caixões pretos para integrantes de Cruz Vermelha, responsáveis por levá-los até Israel. O governo israelense confirmou a entrega dos corpos.

A ONU condenou a forma como o Hamas entregou os corpos dos reféns. O chefe de Direitos Humanos das ONU, Volker Turk, disse que o desfile de corpos em Gaza foi abominável e vai contra o direito internacional.

A entrega dos corpos dos reféns causou comoção nacional em Israel. Horas após a entrega dos corpos, Netanyahu prometeu eliminar o Hamas e trazer todos os reféns de volta.

Shiri Bibas, que foi sequestrada e levada para Gaza em 7 de outubro de 2023, com o filho caçula, Kfir, de nove meses. — Foto: Hostages Family Forum via AP

Shiri Bibas, que foi sequestrada e levada para Gaza em 7 de outubro de 2023, com o filho caçula, Kfir, de nove meses. — Foto: Hostages Family Forum via AP

As vítimas tinham sido feitas reféns no ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas em Israel. Outras 251 foram sequestradas pelo grupo terrorista.

A retaliação israelense, que lançou uma guerra contra o grupo terrorista, deixou cerca de 48 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, e destruiu cidades inteiras no território palestino.

No momento da entrega dos corpos, o Hamas reafirmou uma alegação de novembro de 2023, de que a mãe e os meninos Bibas haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense durante a guerra. As mortes, no entanto, nunca foram confirmadas pelas autoridades de Israel.

 

Luto em Israel

 

Em Israel, o clima é de luto com a entrega dos corpos, que confirma as mortes da família Bibas. Israelenses se juntaram em diversos locais do país para prestar homenagens durante o transporte dos caixões. O presidente israelense, Isaac Herzog, pediu desculpas pelos reféns mortos.

Mulher chora em Tel Aviv no momento da entrega de corpos de reféns israelenses, incluindo a família Bibas, pelo Hamas em 20 de fevereiro de 2025. — Foto: REUTERS/Ammar Awad

Mulher chora em Tel Aviv no momento da entrega de corpos de reféns israelenses, incluindo a família Bibas, pelo Hamas em 20 de fevereiro de 2025. — Foto: REUTERS/Ammar Awad

"Agonia. Sofrimento. Não há palavras. Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino minha cabeça e peço perdão. Perdão por não proteger vocês naquele dia terrível. Perdão por não trazê-los para casa com vida", afirmou Herzog em publicação no X após a entrega dos corpos.

 

O marido de Shiri, Yarden Bibas, e pais das crianças, também era mantido como refém pelo grupo palestino. Ele estava entre os que foram libertados em 1º de fevereiro. A família Bibas tinha sido sequestrada na comunidade agrícola de Nir Oz, que fica próximo à Faixa de Gaza e perdeu cerca de um quarto de seus habitantes, entre mortos e sequestrados, durante o ataque de 7 de outubro.

 

"Shiri e as crianças se tornaram um símbolo", disse Yiftach Cohen, morador do kibutz da família Bibas.

 

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou em uma breve declaração em vídeo que esta quinta-feira seria "muito difícil para o Estado de Israel, um dia angustiante, de luto."

Netanyahu foi alvo de protesto de familiares de reféns que ainda estão em poder do Hamas, na segunda-feira (17), quando foram completados 500 dias de cativeiro. Com fotos dos reféns, dezenas de pessoas marcharam até a casa do premiê entoando palavras de ordem.

Até esta quinta, 19 reféns israelenses foram libertados pelo grupo terrorista como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo, além de cinco tailandeses. Em troca, mais de 1,1 mil palestinos que estavam presos em cadeias israelenses foram soltos.

Na primeira fase do acordo, o Hamas concordou em liberar um total de 33 reféns israelenses —e já havia avisado que alguns deles estavam mortos— em troca de 2 mil prisioneiros palestinos. No sábado (22), o grupo terrorista prometeu libertar mais seis reféns vivos. Segundo estimativas, ainda há 66 reféns sob o poder do Hamas na Faixa de Gaza, dos quais Israel acredita que 30 estejam mortos.

 

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