- “Hi, Barbie!”
- “Hi, Ken!”
Vai me dizer que nunca ouviu essas falas, por um amigo, familiar, trailer ou até de desconhecidos no shopping vestidos de rosa. A Barbie, que antes era “só” uma boneca, se tornou marca, símbolo, e hoje um filme que estreou e está dando o que falar. Mas antes de entender como nosso mundinho azul se tornou cor de rosa nesses últimos meses, é preciso saber: o que é Barbie?
Nascida em 9 de março de 1959 em corpo de plástico na Mattel, empresa de sua mãe, Ruth Handler, a Barbie tem mais de 60 anos e foi a responsável em diversos momentos pelo comportamento do consumidor, identidades, fluxo do mercado e estilo de vida. Sua aparência e corpo sempre transmitiram a ideia de um “padrão” ao público feminino como a imagem ideal de uma mulher perante a sociedade. Vale ressaltar que a sociedade da década de 60 era tão patriarcal e masculinizada quanto a de hoje. Mas não era apenas isso.
A dona dos cabelos loiros sempre foi uma boneca, porém nunca vendida como tal. E é justamente isso que levou ela a tamanho sucesso e relevância. Essa tomada de decisão como estratégia de venda levava e leva as pessoas a quererem ser uma Barbie. Seja por cirurgias estéticas ou dietas alimentares, ter uma boneca como essa não era apenas ter um brinquedo, era ver como poderia ser algum dia. Uma visão, por sua vez, irreal.
Enfim chegamos ao ano de 2023, ou melhor, em 2009 quando o filme começou a ser desenvolvido e foi sendo jogado de lá pra cá até cair no colo da Warner Bros. e Greta Gerwig em 2021. Ao surgirem os primeiros rumores de uma produção da Barbie em live-action, com Margot Robbie escalada para protagonista, muitos duvidaram e outros ficaram curiosos, mas ter Greta na direção já dava um gostinho do que estaria por vir...
Conhecida por tratar de questões sociais relacionadas às mulheres por meio da ironia e sátiras em filmes como “Lady Bird: A Hora de Voar” e “Adoráveis Mulheres”, a diretora indicada ao Oscar tinha em suas mãos uma ideia e personagem que a permitia trazer todos esses aspectos em críticas sociais. Não só a ideia permitia, mas a própria Mattel lhe deu o aval e liberdade criativa. Talvez isso se dê pelo fato de que a Barbie não é mais popular como antes. É só olhar em volta e ver se você ainda tem essa boneca ou se seu filho ou filha se interessam por ela.
Mas eis que surge a oportunidade perfeita: um filme! E então um espetacular trabalho de marketing começa a ser realizado. Com um investimento estimado em CEM MILHÕES de dólares em campanha (quase o investimento total de produção), ela esteve presente em metrôs, shoppings, redes sociais, TV, moda, jogos, fast-food e até uma funerária!
“Barbie”, de 2023, é maravilhosamente bem dirigido e produzido por Gerwig e estrelado por Margot Robbie (Esquadrão Suicida) como Barbie e Ryan Gosling (Blade Runner 2049) como Ken. O filme está em cartaz e trouxe um mundo cheio de cor, mas também cheio de críticas ao que a boneca colaborou em estruturar na sociedade, os estereótipos criados e pré-conceitos que surgiram, tudo de uma forma sátira e ácida.
Atualmente, a obra conta com ótimas avaliações de crítica e público, além de já ter ultrapassado a marca de 1 bilhão de dólares em bilheteria mundial. E para finalizar por aqui, acredito que Barbie é muito mais do que um filme, também vai além sobre suas críticas e questões que traz à tela. Barbie diz sobre como uma marca tão bem estabelecida ao longo de décadas pode moldar o dia a dia atual e como nós, enquanto consumidores, tomamos certas decisões e temos certos comportamentos quando somos atraídos por propagandas e conteúdos gerados na mídia.