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Ataques de Israel atingiram centrífugas subterrâneas da maior usina nuclear do Irã, diz agência de energia atômica da ONU.

Órgão da ONU regulador de programas nucleares, a AIEA cita 'impacto direto' a salões com centrífugas de enriquecimento de urânio em Natanz. Bombardeios israelenses no Irã desde semana passada têm como alvo instalações nucleares e militares do rival.

17/06/2025 11h30
Por: Clara Morais Fonte: g1
Imagem de satélite mostra a instalação nuclear de Natanz, no Irã, em 24 de janeiro de 2025 — Foto: Maxar Technologies/Handout via REUTERS
Imagem de satélite mostra a instalação nuclear de Natanz, no Irã, em 24 de janeiro de 2025 — Foto: Maxar Technologies/Handout via REUTERS
Imagem de satélite mostra a instalação nuclear de Natanz, no Irã, em 24 de janeiro de 2025 — Foto: Maxar Technologies/Handout via REUTERS

Imagem de satélite mostra a instalação nuclear de Natanz, no Irã, em 24 de janeiro de 2025 — Foto: Maxar Technologies/Handout via REUTERS

 

Ataques israelenses causaram "impactos diretos" na parte subterrânea da usina nuclear de Natanz, a maior do Irã, afirmou a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) nesta terça-feira (17).

 

"Irã: com base na análise contínua de imagens de satélite em alta resolução coletadas após os ataques de sexta-feira, a AIEA identificou elementos adicionais que indicam impactos diretos nos salões subterrâneos de enriquecimento [de urânio] em Natanz. Não há mudanças a relatar [nas usinas nucleares] em Esfahan e Fordow", afirmou a agência em comunicado.

 

Esta é a primeira vez que a ONU reportou impactos diretos às centrífugas de enriquecimento de urânio operando em Natanz, o que aumenta o risco de vazamento nuclear. Estima-se que a maior usina iraniana, localizada no centro de Israel, tenha cerca de 15 mil centrífugas em funcionamento.

Natanz foi alvo de diversos bombardeios israelenses desde o início da troca de ataques aéreos entre Israel e Irã, uma escalada do conflito travado entre os dois países. Na sexta-feira passada, o Exército israelense afirmou ter causado "grandes danos" ao complexo.

 

 

 

ONU avalia danos de bombardeios de Israel eo programa nuclear do Irã
 
 

ONU avalia danos de bombardeios de Israel eo programa nuclear do Irã

O conflito entre Irã e Israel entrou no quinto dia nesta terça-feira (17). Desde sexta-feira (13), as trocas de ataques deixaram 248 mortos nos dois países, segundo autoridades locais — 224 no Irã e 24 em Israel. (Leia mais abaixo)

O governo do Irã não se manifestou sobre a declaração da AIEA até a última atualização desta reportagem.

A AIEA é um órgão da ONU que atua como regulador de programas nucleares ao redor do mundo, e tem monitorado os impactos dos ataques de Israel nas instalações nucleares iranianas. A agência havia alertado nos últimos dias sobre o risco de contaminação nuclear e química em decorrência dos ataques israelenses em Natanz. No entanto, os níveis de radiação fora do complexo permanecem normais até a última medição realizada pela AIEA, afirmou o diretor-geral, Rafael Grossi.

 

Conflito entra no 5º dia

 

Ataques iranianos em Tel Aviv, em Israel, nas primeiras horas de segunda-feira (16), no horário local. — Foto: Ronen Zvulun/Reuters

Ataques iranianos em Tel Aviv, em Israel, nas primeiras horas de segunda-feira (16), no horário local. — Foto: Ronen Zvulun/Reuters

Na madrugada desta terça, a imprensa iraniana informou que explosões foram registradas em Teerã. Bombardeios também foram reportados em Natanz, cidade onde ficam importantes instalações nucleares — a cerca de 320 km da capital.

Em meio à escalada de tensões, o presidente dos Estados UnidosDonald Trump, antecipou sua saída da cúpula do G7 no Canadá e decidiu voltar para Washington.

Já em Israel, sirenes de alerta soaram após a meia-noite, pelo horário local. Em Tel Aviv, foram ouvidas explosões causadas por novos ataques do Irã, segundo autoridades israelenses.

O governo iraniano afirma que a ofensiva israelense provocou 224 mortes no país, a maioria civis. Do lado israelense, as autoridades declararam que bombardeios iranianos mataram 24 civis e afetaram mais de 3 mil pessoas, que precisaram deixar suas casas.

Os dois países mantêm o discurso de que continuarão atacando e retaliando um ao outro. Enquanto isso, fontes ouvidas pela agência Reuters afirmam que o Irã pediu a Omã, Catar e Arábia Saudita que pressionem os EUA a convencer Israel a aceitar um cessar-fogo imediato.

Israel e Irã intensificam bombardeios no quarto dia de guerra

Israel e Irã intensificam bombardeios no quarto dia de guerra

Fontes do governo iraniano disseram à Reuters que Teerã estaria disposto a ser mais flexível nas negociações para um acordo nuclear, caso Israel interrompa os ataques. Nas redes sociais, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, deu sinais de que as conversas podem continuar.

 

“Se o presidente Trump está realmente comprometido com a diplomacia e interessado em pôr fim a esta guerra, os próximos passos serão decisivos”, disse. “Israel deve interromper sua agressão e, na ausência de uma cessação total da agressão militar contra nós, nossas respostas continuarão.”

 

Já Trump afirmou que o Irã rejeitou um acordo para conter o desenvolvimento de armas nucleares e voltou a dizer que o país não pode ter armamento atômico. Ele também declarou que Teerã precisava ser evacuada imediatamente, sem dar detalhes.

A escalada nas tensões fez com que o presidente dos EUA deixasse o encontro do G7 no Canadá e retornasse a Washington. Segundo a imprensa americana, Trump deve se reunir nesta terça-feira com o Conselho de Segurança Nacional para tratar do assunto.

Na segunda-feira (15), o Pentágono anunciou que estava enviando mais ativos militares para o Oriente Médio. A Casa Branca negou que estivesse conduzindo uma operação contra o Irã. Já o Departamento de Defesa afirmou que a prioridade é defender os ativos americanos na região.

Fumaça e fogo se elevam em uma instalação atingida após um ataque com mísseis do Irã contra Israel, em Haifa, Israel, em 15 de junho de 2025 — Foto: REUTERS/Rami Shlush

Fumaça e fogo se elevam em uma instalação atingida após um ataque com mísseis do Irã contra Israel, em Haifa, Israel, em 15 de junho de 2025 — Foto: REUTERS/Rami Shlush

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